:

  • Itaú acusa ex-diretor de violar regras por conflito de interesse e aciona BC


  • O banco identificou possível atuação em conflito de interesses por parte de seu ex-executivo após sua saída da empresa

O Itaú Unibanco identificou uma possível atuação em conflito de interesses de seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel, depois da sua saída. 

A informação foi apurada pelo Broadcast com fontes que pediram anonimato, em razão do sigilo das investigações.

Segundo as informações, o procedimento revelou que o ex-diretor teria ocultado do banco sua sociedade com o professor de contabilidade Eliseu Martins, cujos serviços ele aprovou o Itaú a contratar.

Broedel deixou o Itaú em julho para assumir um cargo na direção do Grupo Santander, na Espanha. 

De acordo com fontes, a saída foi “repentina” e pouco tempo depois, a diretoria do banco descobriu que, mesmo enquanto ocupava o cargo como diretor financeiro, ele teria emitido pareceres contábeis a outras empresas.

Com base nesses dados, houve uma investigação interna, por meio da qual o Itaú detectou que Broedel era sócio de Eliseu Martins em uma empresa. 

Essa empresa teria recebido transferências de outra, contratada pelo banco e da qual Martins é sócio com um de seus filhos.

Os valores dessas transferências seriam compatíveis com os pagos pelo Itaú pelos serviços cuja contratação foi autorizada por Broedel entre os anos de 2019 e 2024.

A governança interna do banco exige que todos os executivos preencham um questionário anual que, entre outros pontos, pergunta se eles mantêm sociedades com fornecedores da instituição. 

Se possuírem , as normas do Itaú determinam que os executivos não podem direcionar decisões sobre o relacionamento do banco com seus sócios.

Além disso, de acordo com fontes, a estrutura interna estabelece que a contratação de fornecedores seja conduzida por uma área de compras centralizada, que faz processos de concorrência no mercado. 

As exceções se aplicam a serviços “personalíssimos”, como a contratação de pareceristas específicos. 

Este foi o caso de Martins, professor de Universidade de São Paulo (USP) e reconhecido como um dos maiores especialistas em contabilidade do País.

Martins abandonou o quadro de fornecedores do banco após a investigação. 

O Broadcast apurou que o banco informou em outubro ao Banco Central sobre os fatos, bem como à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Se os dois órgãos investiguem o caso e considerem os envolvidos culpados, eles ficarão inabilitados para executar funções em empresas reguladas pelos dois órgãos.

Como parte da investigação, o Itaú pediu à auditoria independente, a PwC, que avaliasse novamente os balanços do período. 

A auditoria não identificou inconsistências, e o banco afirmou, por meio de nota, que não há impacto nos resultados.

Os valores no suposto conflito de interesses já haviam sido contabilizados e são classificados pequenos diante do tamanho do balanço.

Procurado, Broedel relatou através de assessoria que as acusações do Itaú são infundadas, e que Martins era fornecedor do Itaú há décadas, desde antes de o executivo entrar para a diretoria.

Ainda disse que “causa profunda estranheza” que o Itaú denuncie as supostas condutas impróprias depois dele deixar o banco para assumir uma posição global em um de seus principais concorrentes, e que tomará as medidas judiciais cabíveis.

Eliseu Martins não se pronunciou até a publicação desta nota.